sexta-feira, 29 de setembro de 2017

VOTAR PS


A menos de uma hora do fim da campanha eleitoral, gostaria de sublinhar a importância do voto. Quem se abstém não pode depois deitar as mãos à cabeça. A minha opção é clara: voto em Fernando Medina para a presidência da Câmara de Lisboa, em Helena Roseta para a presidência da Assembleia Municipal, e em André Caldas para a presidência da Junta de Freguesia a que pertence o bairro onde vivo (Alvalade). São todos repetentes, e isso é bom sinal. É preciso que sejam reeleitos para completar o trabalho iniciado em 2013. Dito isto, votem em quem votem, o acto de votar não é susceptível de endosso.

A VER SE A GENTE SE ENTENDE

Muitos catalães, não faço ideia quantos, querem ser independentes em regime de República. Estão no seu direito. Todos temos os nossos sonhos. Eu por acaso até gostava que a Galiza fosse território português. Aqui chegados, e não tendo sido possível, em 40 anos de pós-franquismo, negociar com Madrid uma solução de consenso, só lhes resta o uso da força. E continuam a estar no seu direito. Mas isso pressupõe sujar as mãos. O referendo é uma falácia para embalar meninos. Não podem exigir que lhes dêem de bandeja o que têm de conquistar como se conquistam as independências. Ninguém perguntou às populações das Colónias ultramarinas se queriam ser independentes. Foram os movimentos de libertação desses países, com o apoio de parte dessas populações, que obtiveram para si aquilo a que se achavam com direito. Carles Puigdemont encenou um espectáculo do qual, receio, seja obrigado a sair pela esquerda baixa.

INDEPENDÊNCIAS UNILATERAIS


Tinha 16 anos quando Ian Smith declarou a independência unilateral da Rodésia do Sul, actual Zimbabwe. Era o 11 de Novembro de 1965. A aventura (o regime branco) durou até 18 de Abril de 1980, ou seja, catorze anos e cinco meses. Quando o bispo Abel Muzorewa lhe sucedeu, Smith continuou no país como líder da Oposição. Foi neste modelo que se inspiraram os secessionistas moçambicanos que fizeram o 7 de Setembro de 1974. Para quem como eu vivia em Moçambique, onde nasci, o caso rodesiano não era despiciendo, até porque o Reino Unido, potência colonial, fez aprovar nas Nações Unidas um bloqueio de combustíveis e outras sanções económicas. Navios de guerra britânicos foram enviados para águas territoriais portuguesas, ao largo da Beira, de forma a impedir a trasfega de petróleo para o pipeline que ligava aquela cidade moçambicana à Rodésia do Sul (a antiga Rodésia do Norte é a actual Zambia). O bloqueio durou anos, tendo provocado incidentes com vários navios. Mas, em Abril de 1966, o petroleiro grego Joanna V conseguiu iludir a Armada britânica e atracar, dando origem a um incidente diplomático de proporções homéricas. Harold Wilson, primeiro-ministro britânico, ameaçou Salazar com a ocupação de Moçambique. Smith veio a Portugal em segredo e, no Forte de São João do Estoril, terá acertado detalhes sobre a entrada do petróleo através da África do Sul. Não era tão eficaz como o pipeline da Beira, mas contornava o problema. Na praia do Macúti, os beirenses contavam anedotas sobre os navios de guerra na linha do horizonte.

Na imagem, a vermelho, o pipeline que liga a Beira a Harare, a antiga Salisbury. Clique.

TANCOS

Entrevistado esta manhã pela TSF, o primeiro-ministro foi claro:

«Eu cumpri serviço militar, e lembro-me das minhas obrigações de oficial de dia, e tenho a certeza absoluta que se houvesse algum incidente desta natureza em primeiro lugar a responsabilidade seria minha. Há uma pessoa que eu sei que não seria, que era do ministro da Defesa que seguramente nem sabia o que se estava a passar nem pode saber, nem tem que saber o que se está a passar em cada uma das unidades

Elementar.

EUROSONDAGEM


Por causa da frioleira do sábado de reflexão, o Expresso saiu hoje. Segundo a Eurosondagem, os resultados seriam:

Fernando Medina, PS — 43,3%
Assunção Cristas, CDS — 17,5%
Teresa Leal Coelho, PSD — 12,5%
João Ferreira, CDU — 10,1%
Ricardo Robles, BE — 5,7%

Clique na imagem.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

FRANCES HARDINGE


Hoje na Sábado escrevo sobre A Árvore das Mentiras, de Frances Hardinge (n. 1973), conceituada autora de livros infantis. Em 2015, o livro acumulou duas categorias — “Para crianças” e “Livro do ano” — dos Costa Book Awards. É pena a edição portuguesa não referir o público alvo do livro. Como de costume na obra da autora, a intriga tem laivos góticos. Faith, a protagonista, é uma rapariguinha de catorze anos interessada em paleontologia, cujo pai morre em circunstâncias obscuras. Hardinge articula bem as vertentes de terror com as de mistério. A escolha de uma menina não foi inocente. Faith de certo modo antecipa o papel e o lugar das mulheres num mundo a haver. Aos cinco anos já Darwin bulia com ela: nunca mais foi a mesma depois de ler A Origem das Espécies. Feminismo de berçário? A história começa com a mudança da família Sunderly para a ilha de Vane, forma de escaparem ao escândalo gerado pelas novas descobertas científicas do pai de Faith. Os circunspectos membros da Real Academia vitoriana não toleravam nem conviviam bem com espíritos heterodoxos. A narrativa intercala detalhes históricos (sobretudo os atinentes às teses de Darwin) com a imaginação delirante da autora. É o caso da árvore das mentiras, provável metáfora da actual manipulação dos media. Ou, quem sabe, senão mesmo uma forma de ilustrar o watching you orwelliano. Afinal, a árvore alimenta-se de mentiras e difunde segredos. A leitura do diário do pai vai fazendo luz na determinação de Faith em limpar o nome e a honra do progenitor, tentando esclarecer, do mesmo passo, a sua morte: «O fantasma do meu pai anda a passear, querendo vingar-se daqueles que lhe fizeram mal.» Hardinge é hábil no modo como efabula uma realidade paralela, criando um imaginário próprio, habitado por fantasmas, auroques pigmeus, fósseis de hipopótamos, craniometria e outras peculiaridades susceptíveis de despertar a atenção dos mais jovens. A escrita fluente dá verossimilhança ao conjunto. Embora se trate de uma obra destinada a pré-adolescentes, qualquer adulto lê o livro com agrado. Três estrelas. Publicou a Presença.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A VIDA COMO ELA É

Portugal subiu quatro lugares no ranking da competitividade, soube-se agora. Ontem ou anteontem soube-se que o défice e o desemprego desceram e que o PIB aumentou. Mas os maluquinhos não desistem.

PORTO


A sondagem do CESOP da Universidade Católica divulgada hoje de manhã pela Antena Um e pela RTP dá estes resultados.

BARCELONA JÁ ESTÁ A ARDER?


A corda ameaça partir. Para que lado, logo se vê. José María Romero de Tejada, promotor-chefe da Catalunha, ordenou aos Mossos d'Esquadra que selem as assembleias de voto «antes de 30 de Setembro» (sábado) e identifiquem os membros das mesas. A vedação das instalações «deve ser visível e eficaz, garantindo a inviolabilidade do selo.» Num espaço de cem metros em redor desses locais, são proibidos ajuntamentos de pessoas. Computadores, boletins de voto, registos de eleitores e propaganda eleitoral devem ser apreendidos e removidos antes de 30 de Setembro. Se os Mossos não cumprirem a ordem, a Guarda Civil toma o seu lugar. Entretanto, o Governo espanhol encerrou 140 sites pró-independência catalã que existiam na Internet.

Na imagem do jornal catalão La Vanguardia, um formulário de identificação. Clique para ler melhor.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

BUNDESTAG


A vitória da CDU/CSU garante a Angela Merkel o quarto mandato. Até aqui, nada de novo. Preocupantes são os 13% do AfD — Alternative für Deutschland —, que fazem regressar a extrema-direita ao Bundestag. Doravante vai ser instrutivo seguir o comportamento do Parlamento alemão, com a provável aliança dos Democratas-cristãos de Merkel com os Liberais de Christian Lindner e os Verdes de Simone Peter e Cem Özdemir. A ver vamos.

Clique na imagem.

domingo, 24 de setembro de 2017

O FAKE DO EXPRESSO

Hoje, em Belém, o Presidente da República foi peremptório: «Não há relatório oficial algum, nem da parte do Estado Maior General das Forças Armadas, nem do SIS [Serviço de Informações de Segurança], nem do SIED [Serviço de Informações Estratégicas de Defesa]», sobre Tancos e o ministro da Defesa.

«É importante saber de quem é a autoria do documento, com que intenção foi elaborado e com que objectivos, aparentemente políticos, foi divulgado como sendo das secretas...», disse por sua vez Azeredo Lopes.

Não obstante, Passos e Cristas insistem na patranha.