sábado, 11 de março de 2017

QUEM DIRIA


Estas manchetes não são do AVANTE. São do Observador e do Negócios. Clique nelas.

ACUSAÇÃO NA RUA

A poucos dias do prazo anunciado pelo MP, dois jornais, o Correio da Manhã e o Expresso, antecipam hoje o teor da acusação contra Sócrates. Corrupção, dizem eles. Apenas diferem nos montantes: o CM fala de 32,8 milhões de euros, enquanto o jornal de Pinto Balsemão fica por 23 milhões. Nos dois casos, as notícias estão detalhadas ao cêntimo. Comentários para quê?

sexta-feira, 10 de março de 2017

EUROSONDAGEM


Maioria de Esquerda = 55,5%. A diferença entre o PS e o PSD é agora de 9,5 pontos. E, mesmo sozinho, o PS continua a ultrapassar a PAF. Clique na imagem do Expresso para ler melhor.

quinta-feira, 9 de março de 2017

DULCE GARCIA


Hoje na Sábado escrevo sobre Quando perdes tudo não tens pressa de ir a lado nenhum, o primeiro romance de Dulce Garcia. O livro confirma o óbvio: nos últimos vinte anos, a melhor ficção portuguesa tem sido escrita por mulheres. Nada a ver com “escrita no feminino”. Falo de literatura escrita por mulheres. O fôlego narrativo de Quando perdes tudo não tens pressa de ir a lado nenhum faz subir a fasquia dessa evidência. Mérito não despiciendo, a autora tem um invejável desembaraço vocabular. Terreno movediço: Isabel é uma mulher à deriva na zona de fronteira entre a loucura e o senso comum. Protagonista e co-narradora (o romance é contado a duas vozes), Isabel, «a mulher do saco», acampa no aeroporto. É ali que passa a sua vida em revista. À luz crua dos flashbacks, os dela e os de Afonso, amante com estatuto de narrador, aquele que lhe roubou «uma existência arrumadinha para [a] lançar na mais atroz das solidões», conhecemos os porquês, o meio em que cresceu, o espaço em que se move, o perfil violento do pai, a mãe acomodada, suicidados de passagem (Virginia Woolf, Stig Dagerman, Sylvia Plath), crianças apanhadas pelo fogo cruzado dos pais, o irmão Quim atirado «para baixo de um camião» com apenas 35 anos, enfim livre dos fantasmas que o assombravam, paixões itinerantes, mentiras, ciladas, ataques de pânico, o dia em que Isabel resolveu separar-se do marido: «O Luís Miguel reagiu calmamente à notícia da nossa separação. […] Fomos para casa em silêncio. Despi-me, deitei-me. Chorei. E depois adormeci. Acordei com ele a masturbar-se.» É muita coisa junta, o plot não é linear, nem amável, mas a vida também não. Podia ser uma história como tantas. O que a resgata do lugar-comum, o que faz daquele obsessivo triângulo amoroso um pormaior, é o retrato em grande angular de uma mulher entregue a si própria, indiferente a regras e convenções. Prosa seca, isenta de autocomplacência ou qualquer tipo de floreados: «querido, estás a maçar-me, sai de cima de mim». Por mim dispensaria os inserts sobre a hyperthymesia, a síndrome de Riley-Day ou o DIU (e outros como estes), mas não serão as fontes de autoridade a beliscar o prazer do texto. Cinco estrelas. Publicou a Guerra & Paz.

terça-feira, 7 de março de 2017

ORA BEM


A Associação 25 de Abril, presidida por Vasco Lourenço, repudiou em comunicado a decisão da FCSH de cancelar a conferência de Jaime Nogueira Pinto, tendo disponibilizado as suas instalações para a realização da conferência, se e quando o orador entender. A imagem é do Expresso. Clique.

UE DE PRIMEIRA E DE SEGUNDA


Reunidos em Versailles, Hollande, Merkel, Gentiloni e Rajoy, ou seja, os representantes das quatro maiores economias da UE, foram unânimes: a UE deve continuar, porém a velocidades diferentes. Se não for assim, implode. O statement dá o mote à cimeira do próximo dia 25, data em que se comemora o 60.º aniversário do Tratado de Roma. Resta saber o que, em termos práticos, significa esta «préfiguration de l’Europe à plusieurs vitesses...» Um euro de 1.ª e um euro de 2.ª, com paridades diferentes face ao dólar americano? É isso? O documento final é claro: «L’unité n’est pas l’uniformité.» Preparados para descer à segunda divisão?

Foto: Le Monde. Clique nela.

DISCURSO DIRECTO, 45

Ferreira Fernandes, hoje no Diário de Notícias. Excerto, sublinhado meu:

«Jaime Nogueira Pinto deveria falar esta tarde, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, sobre ‘Populismo ou democracia: o brexit, Trump e Le Pen’. [...] A direção da faculdade cancelou a intervenção por exigência da associação de estudantes. E eis o ponto da situação: na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas a democracia cedeu ao populismo. Ora, o brexit e Trump já aconteceram e Le Pen pode vir a acontecer — e, já agora, na minha opinião, todos errados — porque os três souberam conquistar com conversa a aprovação da maioria. Não deveriam os estudantes, por definição gente que anda a aprender, ouvir os argumentos dos adversários para saber como os combater? Este episódio trouxe-me à memória outro, muito invocado recentemente na morte de Mário Soares, porque este o referira em entrevista. Quando se exilou em França, em 1970, Soares foi convidado a dar aulas na Universidade de Vincennes. Durante semanas, não conseguiu falar porque os estudantes achavam-no um mole social-democrata. Não estou a comparar Soares com Nogueira Pinto, não é relevante para aqui, tomo nota é da semelhança dos censores

segunda-feira, 6 de março de 2017

ONDE ANDAM OS CHARLIES?

Foi cancelada uma conferência de Jaime Nogueira Pinto marcada para amanhã à tarde na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Motivo: um grupo de alunos não gosta do orador e considera o tema — Populismo ou Democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate — fascista. Abstenho-me de qualificar. Fico é curioso de saber onde andam os Charlies, os tais da liberdade de expressão sem limites e a qualquer custo.

A direcção da FCSH lamenta o sucedido e pretende convidar Nogueira Pinto para um evento «mais académico». Mais académico? E este era o quê? Desportivo?