sexta-feira, 18 de novembro de 2016

TRAGÉDIA

A capotagem e explosão de um camião-cisterna cheio de combustível, na região de Tete, em Moçambique, provocou 73 mortos e 110 feridos em estado grave. No momento em que escrevo é provável que o número de mortos seja superior. Aconteceu ontem ao fim da tarde e o feedback noticioso tem sido residual. Se fosse na Europa tínhamos folhetim televisivo para vários dias.

ELE LEU O GUIÃO

Ontem, Lobo Xavier repetiu o óbvio na Quadratura do Círculo: o affaire CGD está mal contado. Mas disse mais: «Eu não vou em peças de teatro sobretudo quando conheço o enredo. Como eu li o guião, não vou em peças de teatro mal contadas.» Para os menos esclarecidos, acrescentou: «Havia uns senhores que tinham belíssimos lugares nos sítios onde estavam e foram desafiados pelo governo para tratar da Caixa. Puseram as suas condições, como acontece sempre, e foi-lhes prometido, foi-lhes prometido até por escrito... etc.» Sendo Lobo Xavier amigo de António Domingues, está-se mesmo a ver que não fez as afirmações que fez sem ter conferido. Isto não deixa nada bem o ministério das Finanças. E é pena, porque Centeno é o homem certo no lugar certo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

RUY CINATTI


Hoje na Sábado escrevo sobre Obra Poética de Ruy Cinatti (1915-1986). A sua publicação é um acontecimento. Acaba de sair o primeiro volume, organizado e anotado por Luis Manuel Gaspar, com prefácio de Joana Matos Frias e cronologia de Peter Stilwell. Nas suas 1.407 páginas em papel bíblia, colige todos os livros de poesia que o autor publicou em vida. Em próximo volume será publicada a obra póstuma. Cinatti foi sempre um outsider da cena literária nacional. Nascido em Londres, homem de formação científica (agronomia e antropologia), católico-pagão, oxbridge, arredio aos círculos que controlaram a vida cultural portuguesa entre os anos 1940 e 1980, radicado em Timor por longos períodos, não-marxista, viajante permanente, o seu perfil nunca encaixou no padrão dominante. Sirva de exemplo um título como Nós Não Somos Deste Mundo (1941). Salvo Gaspar Simões, Sena, Joaquim Manuel Magalhães e Fernando Pinto do Amaral, a intelligentsia assobiou sempre para o lado. O presente volume resgata o autor do silêncio a que foi votado, em grande parte pelo seu sentido de estranhamento: «Vulnerável, sim, até ao ponto / de ter provado, entre mãos e enigmas, / mas sem confronto, / frutos ácidos. […]» O volume inclui uma tábua de notas e variantes. Cinco estrelas. Publicou a Assírio & Alvim.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

UM MILHÃO


Afinal, a diferença entre Hillary e Trump é de um milhão de votos, a favor da candidata Democrata. Conheço as normas constitucionais há pelo menos 50 anos, não questiono a legalidade do sistema — quem o fez foi Trump, em 2012 , mas temos de convir que é perverso e desmotivador para quem vota.

Ficam duas imagens, uma em português, outra em inglês. Clique em cada uma.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

PORQUÊ?


O Galo de Barcelos de Joana Vasconcelos, plantado na Ribeira das Naus, foi concebido para ser doado ao Rio de Janeiro para celebrar os 450 anos da fundação (1565) da cidade. Mas nunca atravessou o Atlântico. Que eu tenha lido, a recusa ou desistência não foram explicadas. Alguém sabe porquê?

A mim não me incomoda nada, é um adereço urbano como qualquer outro. Mas gostava de perceber o que terá provocado a sua permanência em Portugal: decisão da Prefeitura carioca ou da artista?

Se ainda não viu, saiba que o Galo tem nove metros de altura, estrutura oca, nove quilómetros de cabos, dezasseis mil azulejos, dezasseis mil lâmpadas led coloridas e detalhes em ferro.

Clique na imagem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

CLARO COMO ÁGUA

Entrevistado ontem pela CBS no prestigiado 60 Minutos, Trump não podia ter sido mais claro:

«O que vamos fazer é encontrar as pessoas que cometeram crimes ou que têm antecedentes criminais, em especial membros de gangues e traficantes, um número estimado entre dois e três milhões de pessoas. Uns serão presos, outros deportados. Estão aqui ilegalmente. É muito importante, vamos garantir a nossa fronteira

Também confirmou que o Muro na fronteira do México vai ser mesmo construído, «em concreto endurecido, vergalhão e aço. Sou muito bom nisso, chama-se construção.» Assegurou ainda que seria revogada a ordem executiva de Obama que impede a deportação de jovens sem antecedentes criminais.

A VIDA COMO ELA É

Reince Priebus, 44 anos, presidente do Comité Nacional Republicano, foi ontem nomeado White House Chief of Staff. É o lugar mais importante a seguir ao Presidente (o vice-presidente não tem poderes executivos), funcionando, de facto, como “primeiro-ministro”. Na realidade, quem faz todas as escolhas e mexe todos os cordelinhos é o Chief of Staff. Para seu conselheiro foi escolhido Stephen Bannon, 62 anos, responsável pela estratégia eleitoral de Trump. Bannon fundou em 2007 e é chairman da Breitbart News, um influente site de notícias ultra-conservador. Quem tiver os pés na terra adivinha o que aí vem.