sexta-feira, 15 de abril de 2016

EUROSONDAGEM EXPRESSO & SIC


Maioria de Esquerda = 52,3%. Em matéria de popularidade, António Costa sobe 5,5% relativamente ao último estudo. Tem agora 42,2% de avaliação positiva. Mas é Marcelo o vencedor do ranking, com 68% de avaliação positiva. Clique na imagem.

O ESPÓLIO DE DANTON

É impressão minha, ou o Projecto de Resolução n.º 247/XIII/1.ª (BE) que recomenda ao Governo a alteração da designação do Cartão do Cidadão para Cartão da Cidadania é um documento apócrifo encontrado no espólio da Danton?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

ROSEMARY SULLIVAN


Hoje na Sábado escrevo sobre três livros: a biografia de Svetlana Alliluyeva, filha de Estaline, escrita por Rosemary Sullivan; o terceiro volume da saga A Minha Luta, de Karl Ove Knausgard; e o romance mais recente de Amos Oz.

No auge da Guerra Fria, a imprensa internacional deu a notícia entre todas improvável: a filha de Estaline tinha desertado para o Ocidente. Com efeito, na tarde de 6 de Março de 1967, Svetlana Alliluyeva (1926-2011) pediu asilo político na embaixada americana em Nova Deli, provocando embaraço em Washington e ondas de choque em Moscovo. As autoridades soviéticas exigiram o imediato repatriamento da desertora. Svetlana deslocara-se à Índia para lançar ao Ganges as cinzas de Brajesh Singh, o brâmane que fora seu companheiro mas com quem não fora autorizada a casar. A viagem deu oportunidade à fuga. Um facto de consequências imprevisíveis, no ano do cinquentenário da Revolução de Outubro. Escrita pela canadiana Rosemary Sullivan, a mais recente biografia de Svetlana, A Filha de Estaline, é de uma precisão admirável. Dividida em quatro partes e trinta e seis capítulos, não deixa nada de fora. Sob o pano de fundo do Grande Terror, seguimos uma vida desde o nascimento: os anos do Kremlin, o suicídio da mãe, a Casa do Aterro, as ignomínias da campanha anticosmopolita, a revelação pública dos crimes de Estaline feita por Krutchev no XX Congresso do Partido, a boémia artística e intelectual em Moscovo na Era do Degelo, a turbulenta vida amorosa de Svetlana, os escritores dissidentes (entre outros, Pasternak, Grossman e Soljenítsine), a deserção, o casamento com o arquitecto Wesley Peters, a filha “americana”, os anos de Londres, o colapso da URSS e, naturalmente, a controvérsia em torno de Vinte Cartas a Um Amigo, o livro que lhe abriu as portas da América, criando a lenda da mulher que se vendera por um milhão e meio de dólares, o astronómico avanço pago pelos direitos autorais. Bem documentada, a biógrafa traça com minúcia o retrato de alguém que foi toda a vida uma pessoa acossada, caluniada por quase todos, desenraizada dentro e fora da Rússia. Além das árvores genealógicas das famílias Djugashvili (Estaline) e Alliluyev, o volume inclui perfis breves das personagens citadas, índice remissivo, dezenas de fotografias, bem como notas e fontes biobibliográficas. Quatro estrelas e meia.

Com A Ilha da Infância, o leitor português fica a dispor da tradução de metade da saga autobiográfica A Minha Luta, do norueguês Karl Ove Knausgard (n. 1968). Tal como o anterior, este terceiro volume foi traduzido a partir da edição inglesa de Don Bartlett. Só o primeiro foi traduzido directamente do norueguês. A crueza narrativa fez de Knausgard um autor de culto na Escandinávia, facto que desmente o mito da abertura de costumes dos povos nórdicos. Dezenas de autores europeus e americanos têm assinado obras com relatos de experiências pessoais em discurso directo, cujo teor de corrosão faz de Knausgard pouco mais que irreverente. Não estão em causa os seus méritos literários. Mas não bate certo com a ênfase colada ao “lado negro” da Obra, salvo se (mas isso é um problema dos escandinavos) dermos importância às regras puritanas da Lei de Jante e, nessa medida, talvez se possa falar em transgressão. Sem perder de vista a tradição literária, Knausgard expõe a vida em família num corpo a corpo entre Proust e Houellebecq. Receita infalível para garantir sucesso. Quatro estrelas. Publicou a Relógio d’Água.

A obra mais recente de Amos Oz (n. 1939), o israelita que não pára de surpreender-nos, põe em pauta a questão palestiniana a partir da controvérsia em torno da figura de Judas Iscariotes. O título não é inocente — Judas. Apostando na tese de que o apóstolo não seria o traidor que a posteridade fixou, o autor disseca o presente à luz dos equívocos do passado. Podemos argumentar, sem especial originalidade, que lá onde lemos “Judas” poderia estar Amos Oz. Dito de outro modo: todo o julgamento moral é fruto do arbítrio. Sendo conhecida a dissensão do autor face à política expansionista de Israel (em particular na Faixa de Gaza e na Cisjordânia), o romance também pode ser lido como um ensaio sobre lealdade vs traição. Com acção centrada em 1959-60, em Jerusalém, Judas é um pretexto para iluminar o sionismo: «Idealista era Bem-Gurion, não Abravanel. Ben-Gurion e o rebanho que o seguiu como se ele fosse o flautista Hamelin. Para a matança. O massacre. A expulsão. Para o ódio eterno entre duas comunidades.» Aqui chegados, já o leitor percebeu onde entra o homem dos trinta dinheiros. Quatro estrelas. Publicou a Dom Quixote.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

LEMBRAR

Em Julho de 2003, era Durão Barroso primeiro-ministro, e Paulo Portas ministro da Defesa, o chefe do Estado-Maior do Exército, general José Silva Viegas, demitiu-se em conflito aberto com o então líder do CDS. Na altura, o CEME tornou público um comunicado onde declara ter... «perdido a confiança no ministro da Defesa», embora, «por respeito à instituição militar e aos homens e mulheres que servem o País...», omita as suas razões. Isto deve ajudar a reflectir os deputados PAF que arrancam as vestes com a recente (e discreta) demissão do general Carlos Jerónimo.

PESOS & MEDIDAS

Anda toda a gente excitada com o facto do primeiro-ministro ter contratado um advogado, Diogo Lacerda Machado, como consultor especial. Por dois mil euros brutos, Machado presta serviços de consultadoria estratégica e jurídica em assuntos de elevada complexidade e especialização, incluindo pareceres jurídicos relativos a assuntos indicados pelo gabinete do PM. Machado já interveio na TAP e no BPI. Adiante. Como a memória é curta, lembrar que Passos Coelho também teve um consultor especial para monitorizar as privatizações, a reestruturação do sector empresarial do Estado e as PPP. Chamava-se António Borges e recebia 25 mil euros por mês. Questionado sobre o montante, Borges argumentou que trabalhava com uma equipa de quatro pessoas com quem dividia a verba. O contrato durou até à sua morte em Setembro de 2013.

E O MAIS QUE AÍ VIRÁ


Nem Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças quando (em Maio de 2015) a proposta foi feita; nem Carlos Costa, governador do Banco de Portugal; nem sequer António Varela, ex-administrador do Banif em representação do Estado, tocaram no assunto quando foram ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito. E os deputados? Já sabemos que a CPI não recebeu todos os papers. Mas isto foi há um ano. Nenhum sabia? Jura!

A manchete é do Público. Clique na imagem.

REBOLEIRA COM METRO

Seis anos depois da data prevista (o Governo PSD-CDS suspendeu as obras), a Linha Azul do metropolitano de Lisboa chega hoje à Reboleira, permitindo a ligação aos comboios da linha de Sintra, o que não acontecia na estação Amadora Este. Inaugurada esta manhã, a estação da Reboleira abre ao público às 13:00h. Isto também serve para tirar carros do centro de Lisboa. Por muitos pinotes que dê o patrão do ACP (vejam-se as declarações a propósito das obras no Saldanha), é mesmo preciso tirar carros do centro de Lisboa.

DRESS CODE


Se um ministro do PSD pode, por que carga de água um ministro do PS não pode?

NESTA HORA PRIMEIRA


Comemorar os 40 anos da Constituição da República. Hoje, nos Passos Perdidos da Assembleia da República. Haverá duas sessões: 18:30 e 21:30h. Jorge Silva Melo encenou. André Pardal, Andreia Bento, António Simão, Isabel Muñoz Cardoso, João Meireles, João Pedro Mamede, Jorge Silva Melo, Leonor Buescu, Maria Manuel, Nuno Gonçalo Rodrigues, Nuno Lima Fonseca, Pedro Carraca, Simon Frankel, Rafael Barreto, Tiago Matias, mais um grupo de estagiários da ESTC (Inês Carvalho, Isadora Alves Nunes, João Maia, Lara Matos e Rodrigo Ribeiro), interpretam. Uma produção dos Artistas Unidos. Clique na imagem.

terça-feira, 12 de abril de 2016

IMPEACHMENT NA CALHA

Após dez horas de discussão, 38 dos 65 membros da Comissão do Impeachment votaram favoravelmente a destituição de Dilma. Eram necessários 33. Ninguém se absteve: foi 38 contra 27. No fim da votação, em resposta ao slogan do PT, Não vai ter golpe, a oposição gritou Não vai ter golpe, vai ter cadeia! Desse modo, a Câmara de Deputados começa na próxima sexta-feira, dia 15, a discutir o processo. A votação final será no domingo, dia 17, sendo necessários 342 votos a favor (em 513 deputados) para formalizar o impeachment da Presidente. Se isso acontecer, Dilma fica imediatamenre suspensa, e o presidente do Supremo Tribunal Federal tem 180 dias para avaliar a situação. Mas Ricardo Lewandowski, o presidente do STF, quer tudo pronto até ao fim de Maio, altura em que o Senado terá de confirmar (ou não) o impeachment.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

CONTAGEM DECRESCENTE


Este muro tem um quilómetro de comprimento e 2,2 metros de altura. Montado por presidiários, serve para separar os manifestantes pró e contra-Dilma que vão afluir à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Retratos dos deputados a favor e contra também foram colocados à vista de todos. A Comissão do Impeachment vota hoje se a destituição da Presidente desce ao plenário da Câmara dos Deputados no próximo dia 17.

Dos 65 membros da Comissão, 34 já se manifestaram a favor do impeachment (e chegam 33) e 20 contra. Há 11 indecisos. Clique na imagem.

NOVO SEC


Com Luís Filipe Castro Mendes a ministro, o secretário de Estado da Cultura será Miguel Honrado, actual presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional Dona Maria II. Miguel Honrado, que sucede a Isabel Botelho Leal, tem um longo currículo de gestor cultural: Gulbenkian, Europália, Lisboa Capital Europeia da Cultura (1994), Instituto Português das Artes do Espectáculo, Teatro Viriato de Viseu, presidente da EGEAC, exposições universais de Sevilha (1992) e Lisboa (1998), Associação Sul Europeia para a Criação Contemporânea, etc. Parece uma boa escolha. Clique na imagem.

domingo, 10 de abril de 2016

UM POETA NA AJUDA


Luís Filipe Castro Mendes, 65 anos, embaixador, actual Representante de Portugal junto do Conselho da Europa em Estrasburgo, será o novo ministro da Cultura. Além de diplomata, Castro Mendes é poeta, com obra publicada desde 1983. A posse terá lugar na próxima quinta-feira, dia 14. Clique na imagem.