sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A CAIXA

O affaire Caixa Geral de Depósitos atingiu o paroxismo. Meses de avanços e recuos desde que António Domingues, o novo CEO, impôs uma administração de 19 membros (sete executivos e os restantes não-executivos), culminaram ontem na bizarra decisão do Banco Central Europeu, que rejeitou 8 dos 19 membros propostos, alegando, nos termos da Lei portuguesa, que a sua presença em órgãos sociais de outras empresas excede o limite legal. A Lei nunca terá sido cumprida, mas foi o BCE que a trouxe à colação. O Governo prepara-se para a alterar, e não o devia fazer. As personalidades rejeitadas devem bater com a porta, deixando claro que não precisam da CGD para nada. O BCE também não aprova a acumulação dos cargos de Chairman e CEO, como pretende António Domingues, e só o permitirá durante um período transitório de seis meses. Cereja em cima do bolo, o BCE obriga três administradores a frequentarem o curso de gestão bancária estratégica do INSEAD (a escola de elite em Fontainebleau), forma peremptória de dizer que não confia nas suas capacidades profissionais actuais. Vão aceitar a humilhação? Se aceitarem, quem paga o curso? O BCE, que o impõe? O BPI, de onde são oriundos? A CGD, que é sustentada com os nossos impostos? Os visados não são com certeza. Tudo isto é lamentável, e perigoso, porque se trata de uma tarantela em cima de um buraco superior a cinco mil milhões de euros.