sábado, 25 de julho de 2015

COLECÇÃO SEC

Hoje, no Público, Vanessa Rato ocupa três páginas com a radiografia possível da soi disant Colecção SEC. Um bom trabalho jornalístico: datas, nomes, detalhes, cronologia. Não são opiniões. São factos. Obras perdidas, obras roubadas, obras com paradeiro desconhecido, obras por inventariar, obras a decorar gabinetes ministeriais ou de embaixadas, obras em Serralves, obras nas caves do CCB, obras na Câmara Municipal de Aveiro, obras rejeitadas (de Judd, Kosuth, Serra, Baselitz e outros) por ignorância de burocratas, etc. Neste Et cetera cabem as 262 obras à guarda da Universidade de Aveiro desde 2006. E porquê Aveiro? Tudo somado e subtraído, quantas obras tem afinal a Colecção SEC? No consulado de Isabel Pires de Lima parece que eram 1271, mas o actual director-geral das Artes, Carlos Moura-Carvalho, disse esta semana à Lusa que eram 1115. Em que ficamos? A forma mais amável de caracterizar o imbróglio é dizer que isto é um caso de polícia.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

ROXANE GAY


Hoje na Sábado escrevo sobre Um Estado Selvagem, de Roxane Gay. O romance faz uma espécie de radiografia do Haiti, país de onde é originária a sua família. Mireille Duval Jameson, a haitiana-americana de classe média alta que decide passar férias no país de origem, é sequestrada durante treze dias. Será o bode expiatório do sucesso do pai, um empresário muito rico que «pagava a vários criminosos para que os seus camiões pudessem entrar em certos bairros...» Romance identitário em registo de thriller, a autora ajusta contas com o que poderá ter sido o quotidiano de familiares e amigos, o êxodo em massa dos anos 1980, a banalidade da violência. Escrita limpa, political correctness e boas intenções. Três estrelas.

A LEGITIMIDADE DO VOTO

Grande sururu com as listas de candidatos a deputados do PS. O mais importante, parece-me, é fazer ir a votos um conjunto de personalidades que estarão na calha (admitindo que o PS ganhe e forme Governo) para futuros cargos ministeriais. Devia mesmo ser a regra: ninguém entrar no Governo sem passar pelos votos. Voltando às listas, é preciso uma grande dose de naïveté para acreditar que Alexandre Quintanilha, Carlos César, Helena Freitas, Manuel Caldeira Cabral, Margarida Marques, Maria Manuel Leitão Marques, Mário Centeno, Paulo Trigo Pereira, Tiago Brandão Rodrigues, Vieira da Silva, mais uns quantos, vão sentar-se no hemiciclo. E é assim que deve ser. Sem a legitimidade do voto, um governante está sempre no fio da navalha.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A VIDA COMO ELA É

A notícia não é uma novidade absoluta, mas até aqui só alguns jornais estrangeiros a tinham referido, de forma discreta e com reticências. Agora faz parangona na imprensa grega. Tsipras queria mesmo voltar ao dracma mas, para isso, precisava de dinheiro para emitir a nova moeda e garantir reservas monetárias. Varoufakis e Kammenos (o líder dos Gregos Independentes) andaram meses a monitorizar a equipa técnica que tratava dos aspectos práticos e jurídicos da operação. Por isso Tsipras foi a Moscovo, mas Putin é contra a saída da Grécia do euro e recusou abrir os cordões à bolsa. Pequim e Teerão também recusaram emprestar dinheiro para esse fim. Agora, dezenas de deputados exigem ser informados dos detalhes deste imbróglio.

terça-feira, 21 de julho de 2015

EUROPA A SEIS

É grande a tentação de comparar a proposta de Hollande com a silly season. Seria um erro fazê-lo. Hollande, para vergonha da Esquerda europeia, propõe um jogo perigoso. A ideia de uma Europa Premium, ou de Vanguarda (adjectivo dele), constituída pela França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e o Luxemburgo, dá a medida de como a Europa começa a desmoronar.