segunda-feira, 23 de novembro de 2015

TRANQUIBÉRNIA

António Costa foi recebido pelo Presidente da República ao fim da manhã. Minutos depois de terminar a audiência, a Presidência publicou um caderno de encargos. Seis exigências, dizem os media.

Vamos por partes. Costa foi a Belém quatro vezes desde as eleições de 4 de Outubro. Quanto se sabe (e ele confirmou), deu garantias de poder chefiar um Governo do PS com apoio parlamentar do BE, PCP e PEV. No dia da queda do Governo PAF, assinou no Parlamento acordos bilaterais com esses partidos. Nas audiências de sexta-feira passada, temos de admitir que PS, BE, PCP e PEV reiteraram a viabilização de um Governo PS com apoio maioritário. Aparentemente, o PR desvaloriza essas consultas. Ao exigir, hoje, garantias que foram dadas por escrito no passado dia 10, está a dizer ao país que isso não serve de nada. Então se não serve, amanhe-se.

Tudo não passa de encenação para os media poderem dizer que Costa governará com rédea curta? É provável. Mas do mesmo modo que não gostei das admoestações públicas (em 2004) de Sampaio a Santana Lopes, e escrevi sobre isso na altura, também não gosto agora. Uma reunião entre um Chefe de Estado e um hipotético primeiro-ministro é de natureza privada. A nota da Presidência é inadmissível.

Costa não devia entrar no jogo. Depois de falar com o BE, o PCP e o PEV, chamava os media ao Rato para dizer ao país, num curto statement, que as seis exigências do PR constam do programa do Partido Socialista, bem como do programa do Governo que se propõe liderar. Tudo isto até meio da tarde. As eleições foram há 50 dias e o Governo foi rejeitado há 13 pelo Parlamento. É tempo de acabar com a tranquibérnia.